Foi sob o lema “Crescer: da epigenética ao ambiente” que se realizaram ao longo de três dias, entre 22 e 24 de fevereiro, as XXVIII Jornadas do Departamento de Pediatria do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), que juntaram mais de 600 participantes, na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
Em declarações à Just News, Ana Paula Martins, presidente do novo Conselho de Administração do CHULN, que tomou posse a 1 de fevereiro, fez questão de sublinhar a relevância deste evento:
“Estas Jornadas de Pediatria têm uma importância determinante no universo da Medicina Pediátrica, por se basearem numa escola de conhecimento profundo que o Hospital de Santa Maria tem vindo a desenvolver ao longo de 70 anos de história”.
Ana Paula Martins recorda que esse foi o segundo departamento do CHULN que visitou, quando iniciou funções, e onde se deparou com “um espaço de esperança, ao ver a forma como as equipas trabalham e a dedicação total e absoluta que entregam ao SNS, bem como os seus feitos extraordinários e de grande complexidade”.
A farmacêutica de formação refere mesmo que “este hospital pediátrico está e sempre esteve à frente do seu tempo e é uma grande escola para o país, a Europa e o Mundo”.
Ana Paula Martins
Por isso, para si, “é uma alegria poder participar já nestas Jornadas”, onde fima o “compromisso de acarinhar e dar continuidade ao projeto daquele que consideramos ser o hospital pediátrico/centro académico pediátrico do CHULN, dado o elevado número de serviços e valências que possui”.
Trata-se, portanto, de “uma passagem de testemunho que faremos com muita dedicação, empenho e emoção, porque esta é também uma instituição de afetos por muitas das atividade que diariamente ali fazemos e vemos acontecer”.
“O triplo desafio assistencial, educacional e investigacional”
No seu discurso na Sessão de Abertura, Ana Isabel Lopes, que dirige o Departamento de Pediatria do CHULN, enalteceu que “a governação clínica de um departamento integrado em centro académico, concentrando recursos high skill na prestação de cuidados altamente diferenciados constitui um triplo desafio, assistencial, educacional e investigacional”.
A responsável deu destaque à “nobre missão de formar as próximas gerações ao nível da pré-graduação, com cerca de 1000 alunos, e pós-graduação, com mais de 100 internos de FE por ano e outros profissionais de saúde”.
Em termos de estratégias futuras, realçou que “a pandemia agudizou a preocupante realidade atual da Saúde Menta na criança e no jovem, catalisando a indispensável reorganização do mapa regional da SM com a perspetiva do novo polo de internamento do Serviço de Pedopsiquiatria no Hospital Pulido Valente”. A “constituição de novos centros especializados no tratamento de doenças/raras e/ou complexas e a candidatura a novas redes europeias persistirão como desígnios futuros”.
Ana Isabel Lopes sublinhou que “os seis serviços que integram o Departamento de Pediatria e as suas 13 unidades funcionais representam o melhor no standard of care pediátrico”, acentuando tratar-se de “um processo em permanente construção”.
Além de fazer referência à “necessidade de desenvolvimento estratégico dos serviços de Genética, de Cardiologia Pediátrica e de Cirurgia Pediátrica”, avançou que, no seu horizonte, está “o desígnio da construção de um centro de ambulatório e o desenvolvimento e a reconstrução do polo da Urgência de referência da AML”.
Ana Isabel Lopes
Quanto a desafios futuros, alertou que “apesar da redução da mortalidade no primeiro ano de vida nos países influentes, esta continua a ser atribuível a causas evitáveis, como acidentes de viação, no entanto, a obesidade, a patologia comportamental e vulnerabilidade, a negligência e os maus tratos assumem uma dimensão preocupante”.
A própria “carga de doença crónica aumentou, com a subida da incidência da diabetes, da doença inflamatória intestinal e da doença atópica em idades cada vez mais jovens” e, por outro lado, a própria “Pediatria deve estar na linha da frente da prevenção no que respeita aos determinantes precoces para a morbilidade no adulto”.
Departamento de Pediatria do CHULN – “um exemplo”
João Eurico da Fonseca, diretor da FMUL, foi uma das figuras que compuseram a Sessão de Abertura, e destacou o facto de o Departamento de Pediatria ser “um exemplo do ponto de vista de integração de um centro académico e conseguir interpenetrar todas as estruturas associadas, seja áreas hospitalares, da faculdade e do IMM”.
André Graça, presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria, avançou que “estas Jornadas são, atualmente, as mais importantes em termos de número de participantes, além da sua qualidade científica e história em Portugal”.
Francisco Abecasis, André Mendes Graca, Fernando Pereira, João Eurico Fonseca, Ana Paula Martins e Ana Isabel Lopes
Fernando Pereira, representante do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, sublinhou o compromisso desse órgão em “apoiar iniciativas como esta, que procuram a diferenciação e a formação dos colegas, na defesa da saúde”.
Também Francisco Abecasis teceu umas palavras, em representação da direção do Colégio da Especialidade de Pediatria, frisando que um dos seus objetivos é “garantir a qualidade da formação médica, sobretudo a nível dos internos, pelo que é uma enorme alegria ver que este Departamento de Pediatria cumpre essa missão plenamente”.
