Medicina Intensiva: Definição e Conceitos

 

A Medicina Intensiva é a área das ciências médicas que aborda a prevenção, o diagnóstico e o tratamento da doença crítica. Entende-se por doença crítica qualquer condição clínica que decorra com manifestação iminente ou declarada de disfunção ou de falência de órgão ou sistemas, impondo por essa razão um risco de vida elevado. Compete à Medicina Intensiva um domínio extenso do conhecimento da fisiologia humana e dos mecanismos inerentes à sua perturbação (fisiopatologia), determinantes para a definição de estratégias diagnósticas e intervenções terapêuticas atempadas. Dois conceitos são determinantes para a eficácia da prática da Medicina Intensiva: a deteção precoce da doença crítica e a intervenção tecnicamente diferenciada em tempo adequado para reposição da homeostasia. Compete, pois, à Medicina Intensiva, a capacidade de intervenção hospitalar, precoce e transversal, dependente de modelos de consultadoria hospitalar organizada. Para o tratamento da doença crítica, em situações de falência de órgãos ou sistemas vitais, são essenciais sistemas de monitorização multimodal complexos e recursos tecnológicos que providenciam a substituição temporária de funções vitais, concentrados em estruturas tecnologicamente sofisticadas, designadas como “unidades de cuidados intensivos”. Nestas estruturas convergem competências profissionais diversas, destacando-se a presença de médicos das mais diversas áreas de especialidade, enfermeiros diferenciados na área da doença crítica, técnicos de reabilitação respiratória e motora, nutricionistas e farmacêuticos, conferindo à prática da Medicina Intensiva a sua dimensão multidisciplinar e multiprofissional. Esta visão reformulada da Medicina Intensiva, que a retira do domínio exclusivo das “unidades de cuidados intensivos” e a centra no primado do doente, conferindo-lhe uma presença integradora no sistema de saúde, constitui um avanço significativo da prática clínica dos tempos atuais. A complexidade crescente inerente à Medicina Intensiva ganhou expressão formal no seu reconhecimento, desde 2015, como área de especialidade primária, detentora assim de programas de formação especializada.